A
nossa primeira entrevista de 2020 é com a biomédica e professora Elen Cristina
Martins, pós-graduação em Citologia Oncótica (UMC, 2006), Gestão de Qualidade
na Área
da Saúde (UMC, 2008), Qualidade no Serviço da Saúde-(FELUMA, 2013), Biotecnologia
e Inovações em Saúde (UMC, 2016). Atualmente é Professora e
Supervisora de estágio da disciplina de Citopatologia nos cursos de Biomedicina
e Farmácia da Universidade de Mogi das Cruzes Campus Vila Leopoldina e prestadora
de serviços e consultora no âmbito laboratorial.
1. Ellen, queremos saber, quando você se apaixonou pela Citologia? Você
se recorda das maiores dificuldades encontradas no início da sua carreira?
A paixão pela Citologia foi devido aos professores na época,
(Professores Nilton O. Silva, Walkiria Maiaroti).
Na minha singela opinião é o professor que cativa você na hora de
escolher sua habilitação.
Toda profissão é difícil, tive sorte, quando formada fui trabalhar no
laboratório dos meus professores. O lado negativo sempre é o salário pagavam
menos para recém-formado.
2. Há quantos anos você atua na área? Quais foram
as principais mudanças envolvendo o nosso setor que você testemunhou?
Há 14 anos em Anatomia Patológica,
sendo 5 como docente.
A transição mais efetiva que
testemunhei foi de escrutínio convencional para meio líquido e a automação da
mesma.
3. Como docente, na sua opinião é possível o(a)
aluno(a) da graduação concluir o curso com uma boa base de conhecimento em
citologia clínica? Há algum segredo para fazer com que os alunos despertem o
interesse pela disciplina?
Depende de quantas horas de estágio
(600h) e se o aluno realiza a leitura de lâminas todos os dias. Na organização
educacional onde trabalho é 360 horas por semestre e levo minha rotina para os
alunos. Só se aprende lendo lâminas, simples assim!!!!
O segredo para atrair os alunos é o
amor pela profissão, se você não ama o que faz ninguém se interessa. Quando o
aluno percebe que o professor é realizado e feliz, o aluno quer saber o motivo
e começa a se focar na disciplina.
4. Você supervisiona o estágio
curricular obrigatório de citologia clínica que ocorre no Laboratório Escola na
Universidade Mogi das Cruzes em São Paulo, conte para nós como funciona esse
programa e quais as ferramentas que você utiliza para mostrar o “mundo da
citologia” aos seus alunos?
Sim. O estágio é no período de 1 ano
(sendo no 7º período e 8º período do curso de BIOMEDICINA). Já no curso de
Farmácia é apenas 240 horas, pois entra na grade de estágio de Análises
clínicas não como habilitação, neste caso eles só podem atuar na área com
especialização. A grade curricular é focada na demanda no mercado sendo
escrutínio de lâminas 80% Ginecológico e 20% não Ginecológico.
A leitura de lâminas são de casos
negativos, suspeitos e positivos. A rotina são do meu laminário pessoal.
As aulas são de segunda à sexta feira
no período noturno.
Sendo segunda-feira, casos clínicos
pela plataforma digital da instituição.
Sendo de terça-feira a sexta-feira
escrutínio de lâminas, aulas teóricas e metodologia ativas.
Esse estágio é realizado no campus Vila
Leopoldina (São Paulo).
5. Após o término da graduação é
chegada a hora da escolher a especialização, a Universidade Mogi das Cruzes
(UMC) possui o seu curso próprio de pós-graduação em Citologia Oncótica, qual é
o diferencial do curso e como preparar o aluno para ao fim da especialização
ele estar apto para encarar o mercado de trabalho? É um grande desafio?
A especialização da UMC em Citologia
Clínica é realizado no campus de Mogi das Cruzes.
Eu fiz essa especialização, tem
tradição na área acadêmico e profissional, e hoje sou um das professoras.
O diferencial são professores com vasta
experiência que atuam efetivamente na área, aulas práticas com lâminas que
refletem a rotina de um laboratório e o profissional se prepara para o mercado
com discussão de casos clínicos e critérios citomorfológicos (sendo esse hoje o
fator primordial para um citologista, e muitos ainda não são bem
treinados). Citologia já em um grande desafio mas com foco e determinação
atuam rápido no campo laboratorial.
6. Você considera que um bom
profissional é aquele que nunca deixa de estudar e deve estar sempre atualizado
nas novidades da área? E quais são as suas perspectivas para o futuro da nossa
área com o avanço de tecnologias como a telepatologia, biologia molecular e
citologia em meio-líquido?
Efetuar leitura de lâminas não é
suficiente, como em qualquer outra profissão a acurácia do conhecimento define
se você é um bom profissional ou não.
O futuro da saúde é a PREVENÇÃO se a
tecnologia não focar nisso não ajuda,
Não adianta exames “caros” que não
favorecem subsídios para o paciente se prevenir!
A porcentagem de jovens que usam
camisinha é de 15% no Brasil, isso quando não sabem usar.
Sou mais a favor de Educação Sexual do
que exames que muitas vezes o convênio não realiza devido a cobertura do plano,
e no SUS dificilmente realizam.
7. Como você avalia atualmente a rotina
de um laboratório de citologia? Você costuma compartilhar em sala de aula a sua
experiência profissional e dificuldades encontrada na área?
Rotina de laboratório é difícil quando
você não gosta do que faz.
Eu compartilho todas as minhas
experiências e falo a realidade “nua e crua”, vantagens e desvantagens.
8. Um assunto muito discutido em
reuniões entre os profissionais que praticam a citologia é a valorização do
profissional, como melhores remunerações e condições de trabalho. Qual é a
sua opinião em relação ao assunto e acredita que podemos mudar esse cenário?
Quem no BRASIL
ganha bem? RSSS
Eu acho que todos
os profissionais estão certos, a valorização profissional e financeira é muito
ruim, mas isso ocorre no âmbito laboratorial.
Na minha singela
opinião você precisa se impor e mostrar seu trabalho, para os competentes
sempre há empregos com salários diferenciados, para os que não se dedicam a
mesmice permanece.
9. A falta de regulamentações na nossa
área, contribuem para que ocorra por exemplo uma sobrecarga de trabalho que
pode desencadear numa redução na qualidade dos exames, como resultados
falso-negativo. Com base na sua vivência na bancada de laboratório de rotina,
qual seria uma quantidade ideal diária de exames escrutinados e você acredita
que falta possuirmos mais representantes que lutem pelos profissionais na área?
As Normatizações Brasileiras preconiza
10 lâminas por hora, eu concordo com esse padrão (MANUAL DE GESTÂO DE QUALIDADE
PARA LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA - INCA).
O problema na qualidade dos exames é a
demanda política e laboratorial do Brasil. Sobrecarregam algumas organizações
laboratoriais e outras têm uma demanda inferior, ocorrendo um monopólio de
exames, salários e rotina laboratorial.
Outro ponto a focar é a educação
continuada que a maioria dos laboratórios não investi e não preconiza como efetivo
para qualidade dos exames.
E poucos laboratórios oferecem controle
de qualidade devido o salário diferenciado desses profissionais e quando
oferecem não pagam um salário para atrair esses profissionais;
E na maioria das vezes o próprio
profissional não luta pela profissão.
10. Temos muitos estudantes e
profissionais iniciantes da área como leitores do nosso site, se pudesse dar um
conselho para essa nova geração, qual você daria?
O sucesso para a vida pessoal e profissional na minha visão:
- Não escute os pessimistas a energia deles atrapalha a sua energia;
- Se você não perguntar a resposta sempre será NÃO;
- Se você não for atrás do que quer, Nunca vai ter;
- Seja feliz e repasse essa felicidade;
- 90% do seu sucesso é simplesmente insistir (Woody Allen).
- Procure a DEUS SEMPRE, se você não acreditar procure uma energia ou algo em que possa evoluir espiritualmente como ser humano.
ALUNOS DO ESTÁGIO. |
Agradecemos
a entrevistada professora Elen Cristina por ter aceito ao nosso convite e
participado do nosso bate-papo. Uma honra tê-la aqui, por ter disponibilizado
um pouco do seu tempo para responder as nossas perguntas e compartilhado a sua
vivência conosco, obrigada!
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