CITOLOGIA EM MEIO LÍQUIDO (PARTE 2)

No presente texto falaremos sobre as principais diferenças entre os métodos de Citologia Convencional e Citologia em Meio Líquido ou Base Líquida.
A primeira diferença que citaremos é a que conseguimos ver a olho nu, trata-se da diferença na apresentação entre as amostras. Na imagem abaixo, item (A), temos a representação de um esfregaço confeccionado pelo método convencional, note que o material esta presente em toda a lâmina e conseguimos observar também que nesse caso tivemos dois tipos de coleta (ectocérvice e endocérvice) e no item (B) temos a imagem de uma lâmina produzida pelo método em meio líquido (SurePath), note que há a presença de um único círculo centralizado na lâmina, sendo que é justamente nesse círculo que temos o material da paciente concentrado na lâmina, a presença do círculo em amostras em meio líquido é unânime em todas as marcas que realizam esse método, havendo apenas variações no diâmetro da circunferência de cada marca, conforme você observará nos itens (C) e (D).  
Quando abordamos o aspecto microscópio, observamos algumas peculiaridades em ambos os métodos, a primeira delas é em relação aos fatores obscurecedores das amostras (dessecamento, excesso de hemácias, excesso de neutrófilos, diátese tumoral e sobreposição celular) essas são características menos observadas do que nas lâminas confeccionadas com o método convencional, por isso que diversos estudos mostram que o a Citologia em Meio Líquido apresenta maior especificidade e sensibilidade quando comparada a Citologia Convencional.
Outro ponto que pode causar estranheza para quem começa a realizar o escrutínio de amostras de meio líquido é a tridimensionalidade celular, a utilização do micrômetro passa a ser mais constante durante a leitura, principalmente em amostras provenientes da marca SurePath, ThinPrepLiqui-PREP.  Células endocervicais e sincícios com alterações celulares, costumam apresentar essa tridimensionalidade aparente e deve ser muito bem observado. Abaixo temos um exemplo de uma amostra confeccionada pelo método de ThinPrep, identificamos um grupo de células alteradas (LSIL - Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau), mas ao efetuarmos a correção de foco ao microscópio é possível verificar essa tridimensionalidade descrita acima. Sabemos que as amostras da marca Kolplast é a que se assemelha mais com o método convencional.

Outros detalhes que microscopicamente mudam:
- Sabe aquela lâmina convencional que colocamos no microscópio e o nosso olho já deduz que tem a presença de Trichomonas vaginalis na amostra devido a característica do esfregaço e da flora, nesse caso as amostras de Meio Líquido perde essa característica, apresentando geralmente como pequenos Trichomonas vaginalis espalhados pela lâmina (vide imagem abaixo). 
- Microbiologia, muitas vezes identificar a presença de microorganismos na Citologia em Meio Líquido não é tarefa fácil, pois como esse método deixa o "fundo" limpo, a nossa dica é para que você observe o citoplasma das células, pois nesse caso os microorganismos costumam ficar aderidos nessa região.
- Células endocervicais, elas costumam apresentar-se em pequenos grupos ou solitárias, esse fato pode estar relacionado devido as etapas de preparo da lâmina e por causa desse processo elas podem desprender de grupos e ficarem solitárias ou em grupos menores. Com isso, a identificação da presença de células endocervicais pode torna-se mais dificultosa para o profissional.

Outro detalhe que é diferente nos métodos esta relacionado a colheita do material. Na Citologia Convencional é usado espátula, “escovinha”, lâmina de vidro e espéculo, a amostra da ectocérvice (espátula) e endocérvice (escovinha) é coletada, depositada na lâmina e fixada imediatamente e nas amostras de Meio Líquido é utilizado espátula (dependendo do método não tem), “escovinha da marca”, espéculo e tubo com líquido preservativo, o material coletado é depositado dentro do tudo com o líquido que preserva a morfologia celular, em alguns métodos a escovinha acaba indo dentro do tubo para garantir maior celulariedade na amostra, esse tubo chega ao laboratório e é processado, o processamento pode ser realizado de forma manual ou de forma automatizada.

Esperamos que esse texto seja esclarecedor a você profissional da área ou estudante, caso não tenha lido o nosso primeiro texto sobre Citologia Em Meio Líquido, você conseguirá ter acesso ao conteúdo CLICANDO AQUI.

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